Living la Vida Loca

terça-feira, outubro 10, 2006

Forth - IV

Arrumo e deito fora os últimos restos da nossa consulta semanal, mensal, da nossas conversas de homens. Foi bom, realmente tenho neste grupo, bons amigos, amigos que gostam de ouvir os meus vários casos de piriquitas. É giro enquanto dura, só quando eles se vão embora sinto-me novamente só, só neste meu espaço, neste meu mundo, neste meu palácio, como o Pedro costuma dizer. Sinto-me só e com um desejo, um desejo que guardo em mim e só para mim, do qual não comento com nenhum deles, por achar que eles vão achar este assunto demasiado balelas, demasiado feminino, os homens têm de ser machões e deixar sentimentos de lado, mas na superficialidade também sofremos dos mesmos sintomas das mulheres e que deixamos corroer por dentro, até á nossa podridão. Sinto-me só e com este desejo, este desejo que me falta neste momento, o desejo de não acabar lobo solitário. Qualquer dia chegarei ao 40 anos e ainda estou para as curvas, saltitando de mulher em mulher, sem que tenha uma relação de amor, de cumplicidade, de, sei lá eu o quê, visto que não sei o que é realmente o amor. Se calhar até o sei só que é um tipo diferente amor.
A Daniela não passa mais de uma fuck buddy. Nunca vou conseguir ter mais do que uma relação de corpos. Ela ainda não cresceu, anda, ainda, com a futilidadade da adolescência na sua cabeleira loira e isso só por si excita-me, nada mais, mas detesto-a. Não poderei ficar com ela por muito mais tempo, assim continuarei a ser um gafanhoto que salta e salta sem saber meu destino, podendo acabar atropelado ou apanhado pelo tempo.
Quero amar, quero saber o que é amar, quero ter uma relação em que possa ver que os meus olhos, a minha boca, os meus genes, o meu Dna, possa estar presente em gerações futuras. Quero ter uma pessoa a meu lado todos os dias e que me diga com um sorriso rasgado, alimentado de alegria "Amo-te". Talvez até saiba o que é amar, só que não é esse amor que pretendo, sim conheço várias formas de amor, mas não são estes amares que quero sentir, quero saber amar construtivamente, visto que as paixões só nos destroem. Parecendo que não, as paixões tornam-se destrutivas para alguns, tal como eu, estas corroem-nos por dentro, deixando-nos um futuro incerto, acabando na mais simples solidão e é esta que eu não quero entrar e tenho medo de me aproximar. Se calhar até já estou só e não o sei.
Será que isto é que é o amor?, contrário de solidão?!
No papel e no pensamento é simplesmente uma palavra e uma ideia, e de resto o que será? Não o sei, sei e continuo sem saber. Espero num futuro próximo descobrir, sentir e não ouvir meramente a opinião, conversas e conclusões alheias. Realmente quero saber o que é esse amor, sentir esse amor, crescer com esse amor e ao mesmo tempo tenho medo de o sentir. É como se diz, temos sempre medo do desconhecido. Continuo a olhar para os restos de comida e sinto-me que estou a ser consumido e quando não der para mais nada, serei enviado, como estas pequenas partículas de comida, para o lixo, acompnhado por tudo e pelo vazio, este vazio que me vai na alma. Afinal o que será o amor?