Living la Vida Loca

segunda-feira, julho 03, 2006

Second - II

Acordei na minha cama, dentro daquele fato de casamento e com aquela gravata esverdeada a sufocar-me. Não sabia como tinha lá parado, só me lembrava de ter entrado no carro e ter adormecido de uma só vez,mas então como é que fui parar ao meu quarto? Só depois é que me lembrei que o Pedro era a única pessoa que me poderia ter trazido até ali, só ele é que conhecia todos os compartimentos da minha casa. Tanta festa que fizemos aqui neste T2, tantas voltas ele deu, tantas vezes ele dormiu no outro quarto. Bons Momentos, momentos que agora não tenho, porque a minha vida resume-se á monotomia da vida quotidiana chamada de trabalho. Meu quarto tem uma cama de casal só para mim, comprei-a foi na esperança que um dia caia-se um corpo quente feminino ao meu lado, um corpo que fica-se comigo toda a vida, sem dúvida que foi uma esperança cega, já que esse momento nunca aconteceu. O que aconteceu foi eu ter trazido para ali uma daquelas cabras que ontem se encontravam no bar, detesto-as e detesto-me por tal. Esfrego os olhos de forma a que a luz do dia passa-se entre a minha íris ocular. Primeira reacção, a seguir ao esfreganço, foi olhar para o relógio que se encontrava na mesa cabeçeira do lado direito e não é meu espanto quando vi que faltava 45 minutos para estar com os pés assentes na realidade humana, a realidade dos doentes e deprimidos da sociedade, na realidade dos Sr. Doutores, como tanto se gostam declarar. "FOGO vou chegar atrasado, merda"- foi o meu segundo pensamento do dia. Tomei um duche rapidamente, vesti o que estava mais à mão, peguei no meu telemóvel, nas chaves do meu carro, e na minha carteira e saí porta fora.

Cheguei ao Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, no meu 306 preto, estacionei no único lugar que estava à disposição, um lugar no meio de mercedes, bmw, lexus e mais. "Onde é que estes médicos vão buscar o dinheiro ou será que sou o trabalhador do estado que ganha menos como médico?"- A resposta eu não queria saber, o que eu queria saber é que os grãos estavam quase a acabar no relógio. Entrei no meu serviço, com um passo acelerado, piquei o ponto e lá fui para o meu serviço. A morbidez do meu serviço, a morbidez da medicina interna, o facto de trabalhar só para restaurar o vida, de a salvar, foram estes os meus motivos para entrar no mundo das urgências, onde o lema é "um segundo, uma vida". Era no trabalho que podia demonstrar a minha força, pelo menos assim pensava, demonstrar que não era nenhum fraco, onde não era subjugado, onde não subjugava ninguém, onde havia uma equipa, havia um grupo de trabalho, onde todos eram um e um eram todos e a minha mente estava só num lugar. Havia outra razão, uma razão vinda da área da psicologia, e como diz freud, o meu id, o meu sentimento reprimido. Essa razão era a psicóloga Ana, uma mulher de cabelo curto, de atributos fisicos de invejar a muitos, uma mulher com cabeça no lugar, uma mulher sincera e sensata, uma mulher forte, mulher que desejava ter na minha cama, a meu lado todos os dias, mulher, segundo as minhas ideias, da minha vida. Só falei uma vez com ela, foi quando ela entrou e todos nós, médicos, enfermeiros, enfermeiras entre outros, tivemos curiosidade em conhecer quem era a nova residente daquela realidade. Foi uma espécie de boas vindas à americana, com cestinhos de frutas incluído e tudo. Ainda tive o prazer de observá-la e de trocar umas palavras com ela, e nessa conversa, tirei as minhas conclusões,bem, posso dizer que ela também ajudou. Fiquei encantado, fiquei caido, mas agora tenho medo de me aproximar dela, tenho medo de mostrar o que sou ou quem sou. Sou tão fraco e tão cobarde, porra.

Acabou o trabalho, a Ana já se foi à muito, e lá ia eu para a minha solidão caseira, a solidão que eu criei.
Foi em direcção ao carro, que decidi abrir a tampinha do meu telemóvel e notar que estava um sms à minha espera, um sms com as seguintes palavras: "Jantar hoje à noite na casa do David, à mesma hora, e depois o mesmo de sempre. Contamos contigo, Miguel, certo? Ass: Ricardo". Lá me pus no carro em direcção a casa na esperança de ainda tomar um bom banho e só depois é seguiria para o dia de Men´s Only, No pussies. Quem escolheu esta frase para o dia não o sei, mas por vezes me soa bem,soa.

1 Comments:

  • Keep on!!

    Tá mto fixe e kero mto saber o resto...kero saber s o miguel ganha coragem pa flr c a Ana..

    Beijokas

    By Anonymous Anónimo, at 1:15 da manhã  

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