Living la Vida Loca

domingo, julho 09, 2006

Third - III

Estou na porta do prédio, só pela porta podemos adivinhar que aqueles apartamentos devem ser luxuosos, que aquele Estoril é luxuoso, que a luxúria não é para todos. Toco no botão que diz 2D, e uma voz masculina pergunta "quem é?"
"Sou eu, o Miguel!"- esta foi a minha resposta
"Desculpe, quem, com quem quer falar?
"O quê? Sou eu o Miguel. Parem de gozar, não sejam estúpidos!"
"OH, você é que está a ser estúpido e parvo e se for publicidade ou quiser falar com a minha filha, fale com cuidadinho e diga se faz favor, Parvo da Merda."
"Filha?"- foi a única coisa que ouvi no palavreado todo desta voz masculina vinda do comunicador. "Não me lembra de o David dizer que tinha uma filha?!"- veêm como foi muito lerdo, a esta hora uma pessoa já se tinha percebido que tinha tocado no botão errado e teria pedido desculpa pelo comunicador, mas eu não ainda fiquei a pensar o, desde quando o David tinha tido uma filha, mas com tanta gaja que o gajo já fodeu, não me admirava nada que uma delas tivesse feito um truque qualquer para o apanhar.
Lá voltei ao meu bom senso e vi que me tinha enganado no andar, afinal não era 2D era o 3D. Pedi as minhas sinceras desculpas pelo o engano, e voltei a tocar desta vez no botão 3D.
Que irritantes os apitos das campainhas, mas porque raio um gajo tem de as ouvir?
"Quem é?"- desta vez reconheci aquelas palavras sonoras e apercebi-me que desta não estava enganado no andar.
A minha resposta foi a mesma e a porta abriu-se com um sonoro bbbbrrrrrrrrrrrrrrr.
Encaminhei-me para o elevador, toquei no botão e lá ele abriu-me as suas portas para o próximo nível.
Assim que pus os pés de fora daquele elevador, lá estava a porta à minha direita entreaberta. Aproximei-me dela, como as portas podem mostrar o mundo que existe, bati e uma voz disse: "Yo, isto por momentos é a tua casa, entra e está à vontade"- aquela disposição do David irritava-me por vezes, porque mostrava-me um gajo sem preocupações, só comer, foder, dormir e cagar. Quantas vezes ele terá dito isto ás raparigas que lhe entravam porta a dentro. "Está à vontade...a seguir já te vou por a saltar de pernas abertas!".
Assim que entro é me oferecida uma cerveja para a mão, do qual eu não rejeito, é incrivel como este mundo funciona, entras em casa e tens a cervejaria aos teus pés.
Caminho até á aquela majestosa sala de jantar, onde estão o Pedro e o Miguel sentados no sofá de pele, conversando e fazendo zapping, é incrivel como se consegue conjugar duas coisas tão diferentes, uma de relaxo e outra de acção bucal.
"Hey Miguel, senta-te aqui, estamos a falar sobre o jogo de ontem entre o Beira-Mar e o Porto" - Tipica conversa de homens, ou é gajas, o que vai acontecer daqui a instantes, ou é desse jogo em que 22 gajos andam a pastar atrás de uma bola. Lá eu me sento no delicioso sofá e continuamos o resto daquela conversa futebolistica.
"Epá, o Porto teve mesmo mal, então aquela defesa,ui ui, nem se fala, parecia manteiga e não sei como é que não levaram mais..."- Lá está o Ricardo a falar dos poucos assuntos em que ele consegue ter uma conversa decente - "....e depois não percebo, falavam mal do Jardel e ele ai para as curvas, já tem mais dois golinhos na sua conta pessoal, além disso, aquele meio campo do beira-mar, sim senhora, teve muito bem. E o Quaresma, nem se viu, teve uma excelente marcação pelo homem do Beira-Mar, nem me lembra do nome do gajo."
O Pedro ouvia-o e comentava igualmente o jogo, ele não ficava nada atrás no que respeitava ao futebol, sabia o que um adepto da bola deve saber.
"E tu Miguel o que achaste do jogo?"- Tinha de vir a pergunta, a pergunta que mais detesto por não perceber nada de bola e não ligar muito ao desporto.
Incrivelmente fui salvo pelo David e o seu "Dinner is ready"
Fomos para a mesa, uma mesa gigantesca em pinho, com cadeiras que mais faziam lembrar poltronas do tempo dos reis. Sentei-me e fui o primeiro a por as mãos á obra.

"Estava delicioso, bela refeição..."- foi as minhas palavras assim que a minha barriga não conseguia consumir mais comida. É estranho o facto de David saber fazer refeições tão deliciosas, ele que sempre viveu numa vida de fazer inveja a outros, com criadas para tudo e para nada, até para as suas refeições. Onde ele terá aprendido a cozinhar este rich snoob boy?
"Ainda bem que gostaste, foi uma receita que aprendi com a criada dos meus pais" - Ai estava a resposta á pergunta que tinha feito na minha cabeça. - "Então Ricardo como está a tua relação com aquela gaja toda boa que queria comprar aquela casa em Cascais? Pelo que eu sei, as coisas tornaram-se sérias, certo?"- e é aqui que começa a conversa das gajas, o come aqui e come ali e aquela é toda boa e fodia e mais não sei quê.
"Essa, essa já foi, já a deitei fora, agora ando com uma que conheci num barzito. Eu acheia-a toda boa e zás, fui meter conversa e ela caiu que nem patinho. Levei-a logo para casa e foi delicioso, sabe foder e dá-me um prazer, uuuuuu...."- Foda-se é incrivel como este Ricardo trata as mulheres, like trash, come, se já não lhe dá pica, deita-as fora. Um dia haverá uma manisfestação de gajas choronas que lhe limparam o sebo. É incrivel como uma pessoa pode fazer isto a outras, é incrivel, não aceito de maneira nenhuma...mas também não vou dizer nada.-"...a outra de Cascais agora não me pára de ligar desesperada, a chorar, a dizer que me ama muito. Desperate housewife é o que lhe digo o que ela é, ao telemóvel, depois é só carregar no botãozinho vermelho e o mundo torna-se outro. E tu David, como vai a ginecologia?".-Pergunta o Ricardo depois de feita a sua sentença sobre a sua cabra, ou será que ele é que o cabrão, penso mais que seja a opção dois.
"Eu agora estou um santinho, agora só vejo as ratas, nada mais, não estou para meter conversa com nenhuma delas, as que me aparecem por lá passam do limite de idade a que se possa dar uma boa foda. Houve um dia que uma gaja apareceu-me lá no gabinente com a rata toda lixada, não sei o que ela fez, que era mau e cheirava igualmente horrivelmente, cheirava. Perguntei-lhe o que tinha feito e ela com uma cara muito feliz disse-me que tinha tido relações antes de ir para a consulta e não se tinha lavado convenientemente. Aquilo meteu-me um nojo tremendo, foda-se."- esta intervenção do David, fez com que nos rissemos á gargalhada, era estúpida e nojenta, pelo menos para mim, mas engraçada. Quando as nossas gargalhadas acabaram, David continuou.
"Também ando mais santinho, desde que ando com uma enfermeira lá do hospital, uma rapariga nos seus 20 e muitos, é um crime não lhe saber a idade, mas que é muita gira, o é. O Miguel deve - a conhecer, uma enfermeira que se chama Daniela. Sabes quem é Miguel?"
"Eu não acredito, tu andas aquela toda giraça Daniela, loira, olhos esverdeados, com um corpo de fazer inveja a muitas mulheres e que maior parte dos homens do Hospital ficam caidinhos só de a ver, pelo menos é o que eu noto quando observo o quadro ao meu e ao seu redor. Como é que ela te foi cair aos braços?"- A enfermeira Daniela, é a miss enfermeira do Hospital, muito elegante, que qualquer homem tenta fazer-lhe favorinhos, não casado ou mesmo casado, na esperança de poderem-lhe tocar, nem que seja num só no seu fino cabelo. Eu ao princípio tive também esse fascínio por ela, só que algo, fez-me a achar que não era e não é nada de especial, devido meus critérios retrógadas de, é Loira, é Burra, o que se veio a confirmar num jantar em que tive o prazer e desgosto de ter um pequeno chit chat com ela, ou será shit chat.
"Foi assim, um dia ela foi ao meu gabinete, queria gazes, dei-lhe as gazes com um convite para jantar e ela aceitou de pronto. Nessa mesma noite fomos jantar perto do parque das nações, convidei-a durante o jantar para irmos dar um pezinho de dança, lá fomos, e foi ai que ela me disse que ela gostava de mim e que tinha só olhos para mim desde que entrou lá no hospital. Verdade ou não, não sei o disser, but who cares. Depois levei-a a casa e a partir dai foi uma noite escaldante. TCCCCCCCCHHHHHHHHHHH. Desde então andamos juntos, e prontos é assim a minha pequena história." - É incrivel como as coisas acontecem mesmo nas nossas costas sem nós nos darmos conta, mesmo quando os sinais são clarievidentes! Como é que nós, homens, não conseguimos ver os pequenos detalhes mesmo quando eles estão à nossa frente e nós burros e cegos não os conseguimos ver, como muitos casos em que a paixão está à porta e nós somos uns ignorantes e irracionais e não conseguimos ver esses traços, essas sombras. Como é que eu não vi que, que estes dois estavam a ter um relacionamento, a luz estava lá. Muitas vezes vi a Daniela a sair do gabinete do David, e pensei que ela lá fosse em busca de material devido ao escasseamento existente no Hospital, afinal não. Muitas vezes os vi a sairem um atrás do outro quando chegava a hora de saída, pensei sempre que aquilo era uma simples coincidência de horários. Como nós, homens, podemos por vezes, ou quase sempre ser tão broncos. Esta doença começa cedo, começa na adolescência, se é mais cedo não o sei. Quando uma amiga chega para ti e diz-te que à meses gosta de ti e que é além de amizade, a cara do adolescente masculino é sempre a de incrédulo, porque nunca consegue ver os sinais mais óbvios. Que doença é esta que nos ataca e nós nem a sabemos que anda por ai? A paleia continuou, não por muito tempo, e quando terminou cada um foi dormir na sua caminha, na sua nave de lençõis e aventuras.