Living la Vida Loca

sábado, outubro 21, 2006

Fifth - V

É manhã de um novo dia, pelo menos sinto que é manhã porque o cheiro matinal é delicioso, é o cheiro de um novo começo, sim porque cada dia é sempre um novo começo. O renovado Ricardo, um myself renovado .

Sinto os raios miudinhos do sol a passar pela janela do quarto, este quarto enorme, nesta cama enorme, onde a minha mulher e sua pele deliciosa, macia e cheirosa, por vezes estão presentes. Este é nosso pequeno universo lácteo de mil e uma pintas, onde somos um casal, ou outras vezes dois corpo com uma alma.
Sinto a falta dela, realmente sinto, mas isso complementa-se com umas quantas xoxas malucas, que se caça por ai, eu sou a armadilha, o engenho e elas as vítimas, os cordeirinhos, a minha comida. Algumas mulheres realmente são tão fáceis apanhar, é só mostrar simpatia, uns bons muscúlos, um bocadinho de esperteza ou astúcia e estão no papo, depois é lhes dar uma cama ou um tecto, por uma noite e zás, acabam por fazer o que queremos. Realmente algumas mulheres são tão fáceis, são uns paezinhos sem sal, sem qualquer gosto, carentes ou não, não o sei, só sei que lhes dou só uma trinca e depois é tocar a deitar fora. É nestas alturas que sinto que me faltes falta, porque que és o contrário destas mulheres, porque és tudo para mim.
Realmente fazes-me muita falta amor, apesar de estares distante e eu andar com esta vida boémia, fazes-me muita falta. És única, és a única a quem eu digo verdadeiramente "Amo-te", essa palavra que deveria ser proibida na boca de muita gente, por não saberem o que significa esse Amor, essa palavra com um misto de sentimentos, sentidos, entranhas, pensamentos,actos e muito mais, que não pode ser explicada, simplesmente vivida.
Fazes-me realmente muita falta amor, tu e a nossa pequenina, esse nosso rebento que veio da dessa palavra e sentimento verdadeiro, palavra que sai do meu coração e sentimento quando estás comigo, e que tu e só tu sentes.
Sinto a vossa falta, sinto a falta de chegar a esta casa e dar-vos tudo, e mas mais do que tudo, a minha presença e o meu calor.
Os teus retratos ouvem-me a lamentar pela vossa ausência, a queixar pelas milhas de distância que me separa de vós, os uivos e choros abafados em dias abadalados ou depois de estar na companhia da comida insonsa.
Já passa meio ano desde que viajaste milhas de distância para a terra das oportunidades, essa terra que continua a ser do Uncle Sam. Sinto tanto a tua falta, Amor.
"......A cidade está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte, nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas...em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura. Ora amarga, ora doce, para nos lembrar que o amor é uma doença, quando nele julgamos ver a nossa cura.."- estás a ver amor, até parece que o rádio, a música, está a ler pensamentos e a escrever o que meu coração ainda sente. Este tempo todo sem ti, a melhor vacinação que tive, para esta tão declarada doença, tem sido o arrependimento com outras. Eu tiro este anel quando estou com outras, eu tiro o anel muitas vezes, não só na intuição de dar o tapete de boas vindas, mas porque ele pesa mais a cada dia que passa, este anel acarreta muita responsabilidade, muita mágoa. O ouro desta aliança só brilha quando estás por perto, como agora não estás tornou-se baça, sem esplendor, sem sentimento, deve estar a sentir a falta da sua cara metade, essa metade que está prostrada na tua mão esquerda, desde o dia em que dissemos sim.

Bem que queria agora viajar e ter ai contigo, saber como estás, se tens sentido o mesmo que eu sinto, se te lembras como ainda sou, como te amo, como eu sou o teu amigo, confidente, amante, marido, pai da tua filha, dono do teu coração como tu és do meu. Queria encontrar ir em busca das tuas mãos para que as alianças, os anéis se encontrassem novamente, brilhassem e tinissem ao amar. Quero estar ai para sentir a tua pele macia e rejubilante, quente como o teu todo, tocar nos teus cabelos de cor e cheiro amêndoa, passar os meus dedos para sentir os teus labios finos e suaves, beijando-os de seguida, quero ver os teus olhos, ver se eles continuam a ter a mesma vivacidade, ver a alma lutadora e forte que está em conjungação com o corpo e ideias. Quero ver-te e sentir-te, para parar de lamentar e pecar. Quero sentir novamente os dois corpos e uma alma. Quero ver como está a nossa pequena donzela, a minha princessa, como ela tem crescido, se se tornou mais sabichona e astuta, do que era. Astuta como eu, demais para a idade dela, o que me deixava supreendido e deveras contente e sabichona, como tu. Gostava de lhe comprar uma prenda e poder ver a sua alegria assim que a abrisse, e ouvir tuas palavras, meu amor, a dizer que não lhe deveria mimar tanto.
Não posso ter isto, porque as nossas vidas estão abandonadas ao destino do trabalho, destino que só acabará daqui a meio ano, meio ano que continuarei a foder qualquer que me diga que sou interessante ou que me ponha simplesmente a mão no meu sexo.
Quando acabar este jejum sentimental por ti, não sei se terei alguma vez coragem de te contar o que fiz, não quero ver o que construímos juntos ao longo de vários anos se destrua em poucas horas, numa pequena simples e séria conversa. Quando chegar o dia do nosso esperado encontro, vou falhar uma única vez na promessa que fizemos, a promessa da palavra sinceridade.

E se depois encontrar uma dessas gajas com quem eu enfiei o chupeto, for bater à minha porta ou telefonar para telefone ou telemóvel, desesperada, querendo mais uma vez o meu corpo, quando ela estiver por cá? Porque é que não me lembrei disto antes. Espera, mas o tempo apaga o passado, certo? Se calhar até lá as com quem já andei esqueçam que eu existe, devido o desgosto e pontapé que lhes dei. E se elas não esqueçerem? Foda-se, das próximas vezes que engatar uma gaja tenho de as levar para outro lado sitio e só lhe dar o número de telemóvel da empresa, sim é melhor, porque assim não me podem foder o juízo e mais tarde posso perder tudo e depois ficar na merda, e eu não quero isso pois não? Bem tenho de calcular melhor os meus passos dos meus 3 pés, da próxima, que tiver com uma insonsinha. É melhor calcular mesmo bem, porque senão!
"......Casa, Cama, Video, Sande e Sono, Calor nunca, Osso e sexo em mono, Sem ti........."

terça-feira, outubro 10, 2006

Forth - IV

Arrumo e deito fora os últimos restos da nossa consulta semanal, mensal, da nossas conversas de homens. Foi bom, realmente tenho neste grupo, bons amigos, amigos que gostam de ouvir os meus vários casos de piriquitas. É giro enquanto dura, só quando eles se vão embora sinto-me novamente só, só neste meu espaço, neste meu mundo, neste meu palácio, como o Pedro costuma dizer. Sinto-me só e com um desejo, um desejo que guardo em mim e só para mim, do qual não comento com nenhum deles, por achar que eles vão achar este assunto demasiado balelas, demasiado feminino, os homens têm de ser machões e deixar sentimentos de lado, mas na superficialidade também sofremos dos mesmos sintomas das mulheres e que deixamos corroer por dentro, até á nossa podridão. Sinto-me só e com este desejo, este desejo que me falta neste momento, o desejo de não acabar lobo solitário. Qualquer dia chegarei ao 40 anos e ainda estou para as curvas, saltitando de mulher em mulher, sem que tenha uma relação de amor, de cumplicidade, de, sei lá eu o quê, visto que não sei o que é realmente o amor. Se calhar até o sei só que é um tipo diferente amor.
A Daniela não passa mais de uma fuck buddy. Nunca vou conseguir ter mais do que uma relação de corpos. Ela ainda não cresceu, anda, ainda, com a futilidadade da adolescência na sua cabeleira loira e isso só por si excita-me, nada mais, mas detesto-a. Não poderei ficar com ela por muito mais tempo, assim continuarei a ser um gafanhoto que salta e salta sem saber meu destino, podendo acabar atropelado ou apanhado pelo tempo.
Quero amar, quero saber o que é amar, quero ter uma relação em que possa ver que os meus olhos, a minha boca, os meus genes, o meu Dna, possa estar presente em gerações futuras. Quero ter uma pessoa a meu lado todos os dias e que me diga com um sorriso rasgado, alimentado de alegria "Amo-te". Talvez até saiba o que é amar, só que não é esse amor que pretendo, sim conheço várias formas de amor, mas não são estes amares que quero sentir, quero saber amar construtivamente, visto que as paixões só nos destroem. Parecendo que não, as paixões tornam-se destrutivas para alguns, tal como eu, estas corroem-nos por dentro, deixando-nos um futuro incerto, acabando na mais simples solidão e é esta que eu não quero entrar e tenho medo de me aproximar. Se calhar até já estou só e não o sei.
Será que isto é que é o amor?, contrário de solidão?!
No papel e no pensamento é simplesmente uma palavra e uma ideia, e de resto o que será? Não o sei, sei e continuo sem saber. Espero num futuro próximo descobrir, sentir e não ouvir meramente a opinião, conversas e conclusões alheias. Realmente quero saber o que é esse amor, sentir esse amor, crescer com esse amor e ao mesmo tempo tenho medo de o sentir. É como se diz, temos sempre medo do desconhecido. Continuo a olhar para os restos de comida e sinto-me que estou a ser consumido e quando não der para mais nada, serei enviado, como estas pequenas partículas de comida, para o lixo, acompnhado por tudo e pelo vazio, este vazio que me vai na alma. Afinal o que será o amor?

domingo, julho 09, 2006

Third - III

Estou na porta do prédio, só pela porta podemos adivinhar que aqueles apartamentos devem ser luxuosos, que aquele Estoril é luxuoso, que a luxúria não é para todos. Toco no botão que diz 2D, e uma voz masculina pergunta "quem é?"
"Sou eu, o Miguel!"- esta foi a minha resposta
"Desculpe, quem, com quem quer falar?
"O quê? Sou eu o Miguel. Parem de gozar, não sejam estúpidos!"
"OH, você é que está a ser estúpido e parvo e se for publicidade ou quiser falar com a minha filha, fale com cuidadinho e diga se faz favor, Parvo da Merda."
"Filha?"- foi a única coisa que ouvi no palavreado todo desta voz masculina vinda do comunicador. "Não me lembra de o David dizer que tinha uma filha?!"- veêm como foi muito lerdo, a esta hora uma pessoa já se tinha percebido que tinha tocado no botão errado e teria pedido desculpa pelo comunicador, mas eu não ainda fiquei a pensar o, desde quando o David tinha tido uma filha, mas com tanta gaja que o gajo já fodeu, não me admirava nada que uma delas tivesse feito um truque qualquer para o apanhar.
Lá voltei ao meu bom senso e vi que me tinha enganado no andar, afinal não era 2D era o 3D. Pedi as minhas sinceras desculpas pelo o engano, e voltei a tocar desta vez no botão 3D.
Que irritantes os apitos das campainhas, mas porque raio um gajo tem de as ouvir?
"Quem é?"- desta vez reconheci aquelas palavras sonoras e apercebi-me que desta não estava enganado no andar.
A minha resposta foi a mesma e a porta abriu-se com um sonoro bbbbrrrrrrrrrrrrrrr.
Encaminhei-me para o elevador, toquei no botão e lá ele abriu-me as suas portas para o próximo nível.
Assim que pus os pés de fora daquele elevador, lá estava a porta à minha direita entreaberta. Aproximei-me dela, como as portas podem mostrar o mundo que existe, bati e uma voz disse: "Yo, isto por momentos é a tua casa, entra e está à vontade"- aquela disposição do David irritava-me por vezes, porque mostrava-me um gajo sem preocupações, só comer, foder, dormir e cagar. Quantas vezes ele terá dito isto ás raparigas que lhe entravam porta a dentro. "Está à vontade...a seguir já te vou por a saltar de pernas abertas!".
Assim que entro é me oferecida uma cerveja para a mão, do qual eu não rejeito, é incrivel como este mundo funciona, entras em casa e tens a cervejaria aos teus pés.
Caminho até á aquela majestosa sala de jantar, onde estão o Pedro e o Miguel sentados no sofá de pele, conversando e fazendo zapping, é incrivel como se consegue conjugar duas coisas tão diferentes, uma de relaxo e outra de acção bucal.
"Hey Miguel, senta-te aqui, estamos a falar sobre o jogo de ontem entre o Beira-Mar e o Porto" - Tipica conversa de homens, ou é gajas, o que vai acontecer daqui a instantes, ou é desse jogo em que 22 gajos andam a pastar atrás de uma bola. Lá eu me sento no delicioso sofá e continuamos o resto daquela conversa futebolistica.
"Epá, o Porto teve mesmo mal, então aquela defesa,ui ui, nem se fala, parecia manteiga e não sei como é que não levaram mais..."- Lá está o Ricardo a falar dos poucos assuntos em que ele consegue ter uma conversa decente - "....e depois não percebo, falavam mal do Jardel e ele ai para as curvas, já tem mais dois golinhos na sua conta pessoal, além disso, aquele meio campo do beira-mar, sim senhora, teve muito bem. E o Quaresma, nem se viu, teve uma excelente marcação pelo homem do Beira-Mar, nem me lembra do nome do gajo."
O Pedro ouvia-o e comentava igualmente o jogo, ele não ficava nada atrás no que respeitava ao futebol, sabia o que um adepto da bola deve saber.
"E tu Miguel o que achaste do jogo?"- Tinha de vir a pergunta, a pergunta que mais detesto por não perceber nada de bola e não ligar muito ao desporto.
Incrivelmente fui salvo pelo David e o seu "Dinner is ready"
Fomos para a mesa, uma mesa gigantesca em pinho, com cadeiras que mais faziam lembrar poltronas do tempo dos reis. Sentei-me e fui o primeiro a por as mãos á obra.

"Estava delicioso, bela refeição..."- foi as minhas palavras assim que a minha barriga não conseguia consumir mais comida. É estranho o facto de David saber fazer refeições tão deliciosas, ele que sempre viveu numa vida de fazer inveja a outros, com criadas para tudo e para nada, até para as suas refeições. Onde ele terá aprendido a cozinhar este rich snoob boy?
"Ainda bem que gostaste, foi uma receita que aprendi com a criada dos meus pais" - Ai estava a resposta á pergunta que tinha feito na minha cabeça. - "Então Ricardo como está a tua relação com aquela gaja toda boa que queria comprar aquela casa em Cascais? Pelo que eu sei, as coisas tornaram-se sérias, certo?"- e é aqui que começa a conversa das gajas, o come aqui e come ali e aquela é toda boa e fodia e mais não sei quê.
"Essa, essa já foi, já a deitei fora, agora ando com uma que conheci num barzito. Eu acheia-a toda boa e zás, fui meter conversa e ela caiu que nem patinho. Levei-a logo para casa e foi delicioso, sabe foder e dá-me um prazer, uuuuuu...."- Foda-se é incrivel como este Ricardo trata as mulheres, like trash, come, se já não lhe dá pica, deita-as fora. Um dia haverá uma manisfestação de gajas choronas que lhe limparam o sebo. É incrivel como uma pessoa pode fazer isto a outras, é incrivel, não aceito de maneira nenhuma...mas também não vou dizer nada.-"...a outra de Cascais agora não me pára de ligar desesperada, a chorar, a dizer que me ama muito. Desperate housewife é o que lhe digo o que ela é, ao telemóvel, depois é só carregar no botãozinho vermelho e o mundo torna-se outro. E tu David, como vai a ginecologia?".-Pergunta o Ricardo depois de feita a sua sentença sobre a sua cabra, ou será que ele é que o cabrão, penso mais que seja a opção dois.
"Eu agora estou um santinho, agora só vejo as ratas, nada mais, não estou para meter conversa com nenhuma delas, as que me aparecem por lá passam do limite de idade a que se possa dar uma boa foda. Houve um dia que uma gaja apareceu-me lá no gabinente com a rata toda lixada, não sei o que ela fez, que era mau e cheirava igualmente horrivelmente, cheirava. Perguntei-lhe o que tinha feito e ela com uma cara muito feliz disse-me que tinha tido relações antes de ir para a consulta e não se tinha lavado convenientemente. Aquilo meteu-me um nojo tremendo, foda-se."- esta intervenção do David, fez com que nos rissemos á gargalhada, era estúpida e nojenta, pelo menos para mim, mas engraçada. Quando as nossas gargalhadas acabaram, David continuou.
"Também ando mais santinho, desde que ando com uma enfermeira lá do hospital, uma rapariga nos seus 20 e muitos, é um crime não lhe saber a idade, mas que é muita gira, o é. O Miguel deve - a conhecer, uma enfermeira que se chama Daniela. Sabes quem é Miguel?"
"Eu não acredito, tu andas aquela toda giraça Daniela, loira, olhos esverdeados, com um corpo de fazer inveja a muitas mulheres e que maior parte dos homens do Hospital ficam caidinhos só de a ver, pelo menos é o que eu noto quando observo o quadro ao meu e ao seu redor. Como é que ela te foi cair aos braços?"- A enfermeira Daniela, é a miss enfermeira do Hospital, muito elegante, que qualquer homem tenta fazer-lhe favorinhos, não casado ou mesmo casado, na esperança de poderem-lhe tocar, nem que seja num só no seu fino cabelo. Eu ao princípio tive também esse fascínio por ela, só que algo, fez-me a achar que não era e não é nada de especial, devido meus critérios retrógadas de, é Loira, é Burra, o que se veio a confirmar num jantar em que tive o prazer e desgosto de ter um pequeno chit chat com ela, ou será shit chat.
"Foi assim, um dia ela foi ao meu gabinete, queria gazes, dei-lhe as gazes com um convite para jantar e ela aceitou de pronto. Nessa mesma noite fomos jantar perto do parque das nações, convidei-a durante o jantar para irmos dar um pezinho de dança, lá fomos, e foi ai que ela me disse que ela gostava de mim e que tinha só olhos para mim desde que entrou lá no hospital. Verdade ou não, não sei o disser, but who cares. Depois levei-a a casa e a partir dai foi uma noite escaldante. TCCCCCCCCHHHHHHHHHHH. Desde então andamos juntos, e prontos é assim a minha pequena história." - É incrivel como as coisas acontecem mesmo nas nossas costas sem nós nos darmos conta, mesmo quando os sinais são clarievidentes! Como é que nós, homens, não conseguimos ver os pequenos detalhes mesmo quando eles estão à nossa frente e nós burros e cegos não os conseguimos ver, como muitos casos em que a paixão está à porta e nós somos uns ignorantes e irracionais e não conseguimos ver esses traços, essas sombras. Como é que eu não vi que, que estes dois estavam a ter um relacionamento, a luz estava lá. Muitas vezes vi a Daniela a sair do gabinete do David, e pensei que ela lá fosse em busca de material devido ao escasseamento existente no Hospital, afinal não. Muitas vezes os vi a sairem um atrás do outro quando chegava a hora de saída, pensei sempre que aquilo era uma simples coincidência de horários. Como nós, homens, podemos por vezes, ou quase sempre ser tão broncos. Esta doença começa cedo, começa na adolescência, se é mais cedo não o sei. Quando uma amiga chega para ti e diz-te que à meses gosta de ti e que é além de amizade, a cara do adolescente masculino é sempre a de incrédulo, porque nunca consegue ver os sinais mais óbvios. Que doença é esta que nos ataca e nós nem a sabemos que anda por ai? A paleia continuou, não por muito tempo, e quando terminou cada um foi dormir na sua caminha, na sua nave de lençõis e aventuras.

segunda-feira, julho 03, 2006

Second - II

Acordei na minha cama, dentro daquele fato de casamento e com aquela gravata esverdeada a sufocar-me. Não sabia como tinha lá parado, só me lembrava de ter entrado no carro e ter adormecido de uma só vez,mas então como é que fui parar ao meu quarto? Só depois é que me lembrei que o Pedro era a única pessoa que me poderia ter trazido até ali, só ele é que conhecia todos os compartimentos da minha casa. Tanta festa que fizemos aqui neste T2, tantas voltas ele deu, tantas vezes ele dormiu no outro quarto. Bons Momentos, momentos que agora não tenho, porque a minha vida resume-se á monotomia da vida quotidiana chamada de trabalho. Meu quarto tem uma cama de casal só para mim, comprei-a foi na esperança que um dia caia-se um corpo quente feminino ao meu lado, um corpo que fica-se comigo toda a vida, sem dúvida que foi uma esperança cega, já que esse momento nunca aconteceu. O que aconteceu foi eu ter trazido para ali uma daquelas cabras que ontem se encontravam no bar, detesto-as e detesto-me por tal. Esfrego os olhos de forma a que a luz do dia passa-se entre a minha íris ocular. Primeira reacção, a seguir ao esfreganço, foi olhar para o relógio que se encontrava na mesa cabeçeira do lado direito e não é meu espanto quando vi que faltava 45 minutos para estar com os pés assentes na realidade humana, a realidade dos doentes e deprimidos da sociedade, na realidade dos Sr. Doutores, como tanto se gostam declarar. "FOGO vou chegar atrasado, merda"- foi o meu segundo pensamento do dia. Tomei um duche rapidamente, vesti o que estava mais à mão, peguei no meu telemóvel, nas chaves do meu carro, e na minha carteira e saí porta fora.

Cheguei ao Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, no meu 306 preto, estacionei no único lugar que estava à disposição, um lugar no meio de mercedes, bmw, lexus e mais. "Onde é que estes médicos vão buscar o dinheiro ou será que sou o trabalhador do estado que ganha menos como médico?"- A resposta eu não queria saber, o que eu queria saber é que os grãos estavam quase a acabar no relógio. Entrei no meu serviço, com um passo acelerado, piquei o ponto e lá fui para o meu serviço. A morbidez do meu serviço, a morbidez da medicina interna, o facto de trabalhar só para restaurar o vida, de a salvar, foram estes os meus motivos para entrar no mundo das urgências, onde o lema é "um segundo, uma vida". Era no trabalho que podia demonstrar a minha força, pelo menos assim pensava, demonstrar que não era nenhum fraco, onde não era subjugado, onde não subjugava ninguém, onde havia uma equipa, havia um grupo de trabalho, onde todos eram um e um eram todos e a minha mente estava só num lugar. Havia outra razão, uma razão vinda da área da psicologia, e como diz freud, o meu id, o meu sentimento reprimido. Essa razão era a psicóloga Ana, uma mulher de cabelo curto, de atributos fisicos de invejar a muitos, uma mulher com cabeça no lugar, uma mulher sincera e sensata, uma mulher forte, mulher que desejava ter na minha cama, a meu lado todos os dias, mulher, segundo as minhas ideias, da minha vida. Só falei uma vez com ela, foi quando ela entrou e todos nós, médicos, enfermeiros, enfermeiras entre outros, tivemos curiosidade em conhecer quem era a nova residente daquela realidade. Foi uma espécie de boas vindas à americana, com cestinhos de frutas incluído e tudo. Ainda tive o prazer de observá-la e de trocar umas palavras com ela, e nessa conversa, tirei as minhas conclusões,bem, posso dizer que ela também ajudou. Fiquei encantado, fiquei caido, mas agora tenho medo de me aproximar dela, tenho medo de mostrar o que sou ou quem sou. Sou tão fraco e tão cobarde, porra.

Acabou o trabalho, a Ana já se foi à muito, e lá ia eu para a minha solidão caseira, a solidão que eu criei.
Foi em direcção ao carro, que decidi abrir a tampinha do meu telemóvel e notar que estava um sms à minha espera, um sms com as seguintes palavras: "Jantar hoje à noite na casa do David, à mesma hora, e depois o mesmo de sempre. Contamos contigo, Miguel, certo? Ass: Ricardo". Lá me pus no carro em direcção a casa na esperança de ainda tomar um bom banho e só depois é seguiria para o dia de Men´s Only, No pussies. Quem escolheu esta frase para o dia não o sei, mas por vezes me soa bem,soa.

First - I

"Mais um copo, mais um copo, mais um copo"- lá estava o meu tão declarado grupos de amigos a gritar aos meus ouvidos, na esperança que eu enfiasse mais uma vez aquele cristal com liquido castanho claro dentro da goela. Foda-se não quero, pensava eu para mim, mas mais uma vez deixei-me levar pelo espírito de grupo e bebi aquele desprezível líquido.
"Estava a ver que não!"- Declarou o Pedro, o amigo de infância, aquele que nunca me separei e que esteve sempre presente.
"Vai mais um?"- perguntou o garanhão do grupo e o "todo bom", segundo o ponto vista das gajas, Ricardo.
"Se ele beber mais um vai ao grego,ahaha, quero ver isso"- Lá estava o homem, que eu considerava o mais infantil, mas meu amigo de trabalho e de festarolas,David.
Não, foi a minha resposta, quase inútil perante a pressão que exerciam em mim, mas eles lá consentiram e fomos embora daquele horroso bar, onde os engravatados estão à espera de apanhar uma piela ou conseguir uma gaja para levar para a cama, mas sem sucesso, porque as poucas mulheres aparecem por lá e as que aparecem já andaram na cama de toda a gente, até na minha. Cabras, detesto-as, mas como sou impotente perante a puta de uma foda, deixei-me levar, levar para a cama de uma dessas cabras.Ainda sinto a merda do perfume delas entranhada na minha pele. Eu fui com elas, uma de cada vez, porque pensava que estava a ser reconhecido sexualmente, finalmente. Afinal não, eu só era mais uma carne para aquele canhão nas pernas delas. Detesto mesmo aquele bar, detesto aquele cheiro a charuto barato, fumado por aqueles empresários de meia tijela, aqueles advogados do diabo ou com ligações ao diabo e daqueles jovens bancários de merda, que nem querem sujar as mãos a limpar a sua merda, tem de vir uma pessoa dos escalões inferiores, lavar o cuzinho aos meninos. Eu também sou um engravatado, mas pelo menos ajudo as pessoas, não destruo-o a vida das pessoas por dinheiro, porque, primeiro, detesto tal coisa e segunda, a vida médico não me deixa, nem eu quero. O meus amigos é que gostam de ver este mundo de cordas ao pescoço, já que eles também as usam. O David é médico ginecologista, diz que entrou nesta profissão porque gosta de ratas, está-se a cagar para os protocolos do hospital e da profissão, e pelo o que ele já nos disse, já se aproveitou da situação e comeu uma rapariga de 20 anos em plena consulta.Ele gaba-se desse momento. O Ricardo foi sempre um cabrão empresário imobiliário, casou-se e mesmo assim não atinou, teve uma filha e mesmo assim cagou. Ele continua na sua vida de comedor de erva, comendo as donzelas sozinhas que lhe entram pelas casas, que ele próprio vende, e devido ao seu charme lá experimentam a mobilia. Sei disto porque ele é outro filho da mãe que se gaba a torto e a direito e ainda por cima com a frase " eu sou o pescador, a casa é a rede e o que nela cair é peixe". O Pedro é mais como eu, "há que procurar e não fodê-las só por prazer, se queres uma mulher que seja por paixão". Ele é um relações públicas de um hotel com sucesso em Cascais, que eu agora, com esta dor de cabeça, não me lembra o nome.
"Hey,Miguel amanhã como é que vais entrar no turno do tarde, com a piela com que estás,hahahahaha, vai ser lindo vai. Vou-me rir se o director souber que tu tens mais sangue no àlcool do que àlcool no sangue,HAHAHAHA. É desta que as urgências do hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca vão estar na merda, vão morrer mais pacientes do que o que se vão curar. HAHAHAHAHA"-Irritante aquele sorriso de merda, se eu não tivesse tão zonzo ia-lhe dar a uma cacetada, mas não, nada disto vai acontecer, apenas vou sorrir estupidamente e mais uma vez vou ser um fraco.
Continuamos a andar ou a zaguezaguear, já não sei, até ao carro, aquele 320 novinho em folha que o Ricardo comprou à coisa de dias, com o dinheiro que vende por uma foda. Detesto-o por ele ter o corpo assim, porque eu sou um pouco para o flácido e não sou a coisa mais maravilhosa deste mundo, invejo-o por as gajas boazonas cairem nos seus braços num abrir e piscar de olhos, tal e qual, como ele lhes abre as pernas,detesto-o por ele ter uma vida que tem e detesto por ele não lhe dar o devido apreço, mas ele é o meu amigo, só não me lembra desde quando. Lá entrámos, eu fui para os bancos de trás e a partir dai o que me lembra foi a escuridão, a inveja e as palavras GAJAS BOAS E FODAS, numa espécie de competição entre gajos (maior parte das histórias são mentira é mesmo só para a vanglória) e nada mais.

domingo, julho 02, 2006

Sipnose

Este blog vai ser criado por certas pessoas que gostam de ler e de escrever uma história, um livro. Não sei o que vai sair daqui, este espaço vai estar reservado à loucura das nossas mentes, sim nós, provavelmente seremos dois a escrever neste blog, uma história qualquer como se vê ai nos livros (alguns livros são merda e mesmo assim são vendidos). Terá...nem nós sabemos o que terá, só espero que tenha ideias e um estrutura e se possivelmente agarre o leitor. Acabo por aqui...espere porque começerá em breve.